Janeiro, o mês da Visibilidade Trans.
Publicado por Alice Scwhantzy em 08/01/2022 - 21:20.
O mês de Janeiro é o mês da Visibilidade Trans. É um mês dedicado ao debate e, também, mais uma oportunidade de ampliar o conhecimento de todos sobre a importância desse tema e da luta dessas pessoas.
Não há dúvida de que a comunidade trans continua a enfrentar discriminação. Seja no local de trabalho, nas escolas ou na sociedade, a comunidade tem sido sujeita a imensa desigualdade em todas as partes do mundo pelo "pecado" de nascer diferente. Para além dos crimes de ódio, pessoas trans sofrem com a rejeição familiar, enfrentam grandes dificuldades de inserção no mercado de trabalho, entre outros problemas que deixam a comunidade altamente vulnerável.
Uma pesquisa feita pela ANT (Associação Nacional de Transexuais) mostra que:
da população trans da população trans
adulta relata perseguição. tenta suicídio.
ENTREVISTA:Para abordar o tema, a Divisão de Assuntos Públicos entrevistou a ativista e filantropa Azzy Ehrenberg. Alice Scwhantzy: Boa tarde. Antes de mais nada quero agradecer a sua disponibilidade e presença nesta entrevista.
Apesar de ser de imensa importância, sabemos que esse assunto ainda é desconhecido ou incompreendido por grande parte da sociedade. Conte-nos, resumidamente, o que é uma pessoa transgênero?
Azzy Ehrenberg: Boa tarde, Alice. Agradeço imenso pela oportunidade de estar aqui para debater um pouco sobre esse assunto que, como você disse, é incompreendido por muita gente.
Ao contrário do que muitos pensam, pessoas trans não são homens vestidos de mulher e mulheres vestidas de homem. Transgêneros são pessoas que não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído biologicamente.
Alice Scwhantzy: Durante o mês da Visibilidade Trans, qual é a principal mensagem que precisamos reforçar?
Azzy Ehrenberg: Precisamos reforçar tanta coisa que nem sei por onde começar. Mas talvez eu sugeriria começarmos pelo reconhecimento e respeito. A população cisgênero precisa aprender a reconhecer que as pessoas trans existem e que a nossa vida também importa. Alías, não só no nosso mês como durante o ano inteiro, afinal essa é uma luta diária da nossa comunidade.
Alice Scwhantzy: Perante todas as dificuldades de viver numa sociedade transfóbica, quais são as principais lutas da comunidade trans?
Azzy Ehrenberg: A nossa principal luta é pelos direitos básicos, como o direito de sermos reconhecidos como pessoas nesse "CIStema" (expressão usada para fazer uma crítica ao sistema que, devido á exclusão e preconceito, é composto, na sua grande maioria, por pessoas cisgênero). Lutamos pelo direito de viver, de integrar o mercado de trabalho para termos outras oportunidades para além do trabalho sexual, que é uma coisa que nos foi colocada, justamente por não termos outras oportunidades.
Alice Scwhantzy: Como as pessoas cisgênero podem contribuir na luta contra a transfobia?
Azzy Ehrenberg: Ouvindo, Alice. Ouvindo sobre as vivências em que nos é privado tudo, até o mais básico: o direito ao teto, à saúde básica, ao amor, etc. É preciso entender que nínguem escolhe viver essa vida e passar por tudo isso, ninguém é trans por diversão.
Dentro deste contexto, Azzy Ehrenberg propõe vários questionamentos:
Azzy Ehrenberg: Quais são as possibilidades que a sociedade constroí para a comunidade transexual? Quantas travestis e transexuais estão em lugares de poder na sociedade? Quantos estudaram com você? Quantas você considera suas amigas e amigos e já entraram na sua casa? Quantas pessoas trans você tem como referência?
Quando a gente começa a fazer esses questionamentos, percebemos que pessoas trans e travestis não fazem parte dos espaços sociais, não fazem parte do convívio da maioria das pessoas. Devido a isso, é construída uma estrutura transfóbica, porque uma vez que você não convive com essas pessoas, você não sabe como lidar, nem como tratá-las.
A equipe de Divisão de Assuntos Públicos agradece á entrevistada pelo tempo disponibilizado e a todos os que dedicaram o seu tempo lendo essa matéria.
Escrita e pesquisa por Alice Scwhantzy, Noticiarista
Imagens por Alice Scwhantzy, Cinegrafista
Edição por Alice Scwhantzy, Editor Geral
Revisão e edição por Manuela Machwitz, Coordenador
Revisão e edição por Keven Skaydler, Diretor
Revisão e edição final por Keven Skaydler, Chefe Executivo
Postado por DIVISÃO DE ASSUNTOS PÚBLICOS