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Geral => Off-topic => Tópico iniciado por: Alice Scwhantzy em 05 de Outubro, 2020, 12:42:43 pm

Título: Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 05 de Outubro, 2020, 12:42:43 pm
.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Samuel Bochsler em 05 de Outubro, 2020, 12:44:26 pm
Que baixaria, Continuem.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alex Mith em 05 de Outubro, 2020, 12:46:46 pm
Eta lasquera kkkkkkkkkk
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Yury Fagundess em 05 de Outubro, 2020, 12:50:24 pm
eu quero espumante  :(
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Mtfe Delacalle em 05 de Outubro, 2020, 12:52:10 pm
O mais novo espumante do mercado, espuma demais.

(http://imgfz.com/i/fKWaxIL.jpeg)

quero esse espumante não kkkkk. +1
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 05 de Outubro, 2020, 12:52:34 pm
nem comprou minha katana
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Brandon Marshall em 05 de Outubro, 2020, 12:56:10 pm
(http://imgfz.com/i/K1QAtXF.png)
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Diogo Hoffman em 05 de Outubro, 2020, 01:14:27 pm
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
Referências
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SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Kayn Dhozzy em 05 de Outubro, 2020, 01:18:01 pm
eta pora
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Sean Nazareth em 05 de Outubro, 2020, 01:18:33 pm
Que baixaria, Continuem.
kkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkk
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Arizonna Machado em 05 de Outubro, 2020, 01:19:00 pm
Garotah olha o deboche cuidado viu se n ela chorah rs
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Arizonna Machado em 05 de Outubro, 2020, 01:20:53 pm
(http://imgfz.com/i/K1QAtXF.png)
ate tu agskdgajshg
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Arizonna Machado em 05 de Outubro, 2020, 01:22:23 pm
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Davi Davas em 05 de Outubro, 2020, 01:23:31 pm
(http://imgfz.com/i/K1QAtXF.png)
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Miguel Kanwel em 05 de Outubro, 2020, 01:28:39 pm
Catapimbas!
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 05 de Outubro, 2020, 01:31:20 pm
Bando de doente... ''moçah''
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 05 de Outubro, 2020, 01:37:13 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 05 de Outubro, 2020, 01:38:23 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
ovo cAsar em jogo virtual
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 05 de Outubro, 2020, 01:40:55 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
ovo cAsar em jogo virtual
Parece que não estudou antes de receber essa conta, né? K
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 05 de Outubro, 2020, 01:43:18 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
ovo cAsar em jogo virtual
Parece que não estudou antes de receber essa conta, né? K
capaz kkkkkkkkkkkkkk oVo ApElAr PrA eScOlA. Estudei mais que você.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 05 de Outubro, 2020, 01:47:16 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
ovo cAsar em jogo virtual
Parece que não estudou antes de receber essa conta, né? K
capaz kkkkkkkkkkkkkk oVo ApElAr PrA eScOlA. Estudei mais que você.
Quem falou em escola monamour? Tou falando sobre estudar do que se trata o servidor. Trata-se de ROLEPLAY e pelos visto não conhece essa palavra...
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 05 de Outubro, 2020, 01:48:28 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
ovo cAsar em jogo virtual
Parece que não estudou antes de receber essa conta, né? K
capaz kkkkkkkkkkkkkk oVo ApElAr PrA eScOlA. Estudei mais que você.
Quem falou em escola monamour? Tou falando sobre estudar do que se trata o servidor. Trata-se de ROLEPLAY e pelos visto não conhece essa palavra...
capaz, roleplay em samp blz
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 05 de Outubro, 2020, 01:51:05 pm
Bando de doente... ''moçah''
O impacto que uma palavra tem na vida de um pessoa, pai amado
ovo cAsar em jogo virtual
Parece que não estudou antes de receber essa conta, né? K
capaz kkkkkkkkkkkkkk oVo ApElAr PrA eScOlA. Estudei mais que você.
Quem falou em escola monamour? Tou falando sobre estudar do que se trata o servidor. Trata-se de ROLEPLAY e pelos visto não conhece essa palavra...
capaz, roleplay em samp blz
Exatamente, roleplay em SAMP, já pode acreditar.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Tyley Jamea em 05 de Outubro, 2020, 02:30:53 pm
Espuma mais que tá pouco.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Dono Daboca em 05 de Outubro, 2020, 02:33:16 pm
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
farma no off topic ai baleia trans, vai bater uma punheta nessa buceta cheia de carroço, nojenta
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 05 de Outubro, 2020, 02:43:33 pm
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
farma no off topic ai baleia trans, vai bater uma punheta nessa buceta cheia de carroço, nojenta
k
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jherry Krantz em 05 de Outubro, 2020, 02:50:04 pm
i rapaz...
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Rodrigo Jester em 05 de Outubro, 2020, 02:52:48 pm
Eae datinhas
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 05 de Outubro, 2020, 02:55:36 pm
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
Referências
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Ciência, n. 131, Campinas, 2011. Disponível em:
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Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Brandon Marshall em 05 de Outubro, 2020, 03:07:58 pm
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
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que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
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Não vou ler, vou esperar sair o filme.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 05 de Outubro, 2020, 03:09:50 pm
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
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Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Raiden Radcliffe em 05 de Outubro, 2020, 08:51:16 pm
A reprovação foi o ó pra carreira dela tadinha
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 05 de Outubro, 2020, 09:02:07 pm
Eu li o texto do Diogo  :-[



Mas sabe, um bglh que tenho certeza que você nunca vai ter e eu tenho é: um pênis, boa noite.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 06 de Outubro, 2020, 07:05:20 am
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
Tu falas mas fazes o mesmo, ou a alicinha é mulher kkkk
Arizona tu só precisas é de crescer ter mais maturidade eu só vim aqui falar pq eu quis fui eu que publiquei ela não pediu coisa nenhuma pois ela falou que tu nem merecia nossa atenção e realmente não merece, mas é mais para o pessoal ver a tua mentalidade, pq nas costas falas o que te apetece vais no PV dizes o que queres e bloqueias que raio de mulher és tu? Kkk atitudes de criança você tem passe bem ai fique se achando geral sabe como você é...
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 08:28:31 am
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
Tu falas mas fazes o mesmo, ou a alicinha é mulher kkkk
Arizona tu só precisas é de crescer ter mais maturidade eu só vim aqui falar pq eu quis fui eu que publiquei ela não pediu coisa nenhuma pois ela falou que tu nem merecia nossa atenção e realmente não merece, mas é mais para o pessoal ver a tua mentalidade, pq nas costas falas o que te apetece vais no PV dizes o que queres e bloqueias que raio de mulher és tu? Kkk atitudes de criança você tem passe bem ai fique se achando geral sabe como você é...
Alicinha é mulher só DP, gostou da surpresa?
Mas então, já que ela não merece tudo isso porque vocês continuam dando palco? ???
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 09:28:02 am
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
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BAUMAN, Z. Identidade. Entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: J.
Zahar, 2005.
BRISOLARA, Valéria. Práticas identitárias em redes sociais: analisando
interações no facebook. In: Diálogos Interdisciplinares: Cultura,
Comunicação e Diversidade no Contexto Contemporâneo. organizadores
Ernani Cesar de Freitas, Juracy Assmann Saraiva e Gislene Feiten Haubrich. –
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Não vou ler, vou esperar sair o filme.

Resumindo, a tecnologia é um fator primordial no avanço do ser humano, sabendo que há restrições pois excesso desse uso pode causar desconformidade social à agregação de conflitos que possibilitam certas independências de   
prolongar discussões, no qual, tenho maturidade o suficiente para ignorar pessoas que falam pelas costas e criam um tópico sem argumentos com intuito de se acharem último biscoito do pacote. No entanto, só reagi de acordo com me trataram, mas pra mim isso morreu, na boa. Agora querem da ibope a facção falida de vocês, vão em frente, pois precisa.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Khoddy Wharkovich em 06 de Outubro, 2020, 09:38:41 am
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
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Não vou ler, vou esperar sair o filme.

Resumindo, a tecnologia é um fator primordial no avanço do ser humano, sabendo que há restrições pois excesso desse uso pode causar desconformidade social à agregação de conflitos que possibilitam certas independências de   
prolongar discussões, no qual, tenho maturidade o suficiente para ignorar pessoas que falam pelas costas e criam um tópico sem argumentos com intuito de se acharem último biscoito do pacote. No entanto, só reagi de acordo com me trataram, mas pra mim isso morreu, na boa. Agora querem da ibope a facção falida de vocês, vão em frente, pois precisa.


Carai bicho mulher e o cão, Mas acho que você citou o comentário errado.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Michel Ramos em 06 de Outubro, 2020, 09:41:37 am
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
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Não vou ler, vou esperar sair o filme.

Resumindo, a tecnologia é um fator primordial no avanço do ser humano, sabendo que há restrições pois excesso desse uso pode causar desconformidade social à agregação de conflitos que possibilitam certas independências de   
prolongar discussões, no qual, tenho maturidade o suficiente para ignorar pessoas que falam pelas costas e criam um tópico sem argumentos com intuito de se acharem último biscoito do pacote. No entanto, só reagi de acordo com me trataram, mas pra mim isso morreu, na boa. Agora querem da ibope a facção falida de vocês, vão em frente, pois precisa.
iiiiii num deixava chamo a facção de pão falido sem futuro,lixo e que só tem a fábrica e só treta na fábrica pq longe da fábrica num ganha uma
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Seven em 06 de Outubro, 2020, 09:54:38 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 10:01:06 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Michel Ramos em 06 de Outubro, 2020, 10:02:44 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk
ela queria ter recebido  era dildo a não pera a outra num   tem
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 10:05:21 am
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
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COMENTÁRIO CERTO:

Resumindo, a tecnologia é um fator primordial no avanço do ser humano, sabendo que há restrições pois excesso desse uso pode causar desconformidade social à agregação de conflitos que possibilitam certas independências de   
prolongar discussões, no qual, tenho maturidade o suficiente para ignorar pessoas que falam pelas costas e criam um tópico sem argumentos com intuito de se acharem último biscoito do pacote. No entanto, só reagi de acordo com me trataram, mas pra mim isso morreu, na boa. Agora querem da ibope a facção falida de vocês, vão em frente, pois precisa.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 06 de Outubro, 2020, 10:14:32 am
Eu queria ter motivo pra xingar a Ellen, me lembro que em 2016 ou foi em 2017 quando eu era um verdinho, aconteceu um bglh que eu odiei ela, mas não lembro mais oque foi  :o
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Diogo Hoffman em 06 de Outubro, 2020, 10:21:10 am
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
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FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de
pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2011.
HALL, S. A Identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 2006.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: ALEPH, 2009
LÉVY, PIERRE. Cibercultura. São Paulo: Editora 34. 1999.
MACHADO, Ida Lucia. MELLO, Renato de (orgs.). Análise do discurso:
fundamentos e práticas. Belo Horizonte: NAD\FALE\UFMG, 2001.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola Editorial. 2008.
MORAES, Francine; MENDES, Gustavo; LUCARELLI, Talita. Memes na
internet: a web 2.0 como espaço fecundo para propagação. XXXIV
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, Recife, PE, 2
a 6 de setembro de 2011. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da
Comunicação. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-2277-1.pdf.
Acesso em 17 out 2017.
PORTAL BRASIL. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/ciencia-etecnologia/2016/09/pesquisa-revela-que-mais-de-100-milhoes-de-brasileirosacessam-a-internet. Acesso em: 17 out 2017.
RECUERO, Raquel da Cunha. Memes e dinâmicas sociais em weblogs:
informação, capital social e interação em redes sociais na Internet. Intexto,
Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 15, p. 1-16, julho/dezembro 2006.
RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017
Não vou ler, vou esperar sair o filme.

Resumindo, a tecnologia é um fator primordial no avanço do ser humano, sabendo que há restrições pois excesso desse uso pode causar desconformidade social à agregação de conflitos que possibilitam certas independências de   
prolongar discussões, no qual, tenho maturidade o suficiente para ignorar pessoas que falam pelas costas e criam um tópico sem argumentos com intuito de se acharem último biscoito do pacote. No entanto, só reagi de acordo com me trataram, mas pra mim isso morreu, na boa. Agora querem da ibope a facção falida de vocês, vão em frente, pois precisa.
iiiiii num deixava chamo a facção de pão falido sem futuro,lixo e que só tem a fábrica e só treta na fábrica pq longe da fábrica num ganha uma
exatamente isso nossa senhora nunca vi algo tao bem resumido parece q foi ctrl c + ctrl v resumido nossa
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Benthley Clodywell em 06 de Outubro, 2020, 10:31:29 am
Ee Machados ganha +1 Trofeu, de mais babacas parabéns /palmas
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 06 de Outubro, 2020, 10:44:37 am
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
Tu falas mas fazes o mesmo, ou a alicinha é mulher kkkk
Arizona tu só precisas é de crescer ter mais maturidade eu só vim aqui falar pq eu quis fui eu que publiquei ela não pediu coisa nenhuma pois ela falou que tu nem merecia nossa atenção e realmente não merece, mas é mais para o pessoal ver a tua mentalidade, pq nas costas falas o que te apetece vais no PV dizes o que queres e bloqueias que raio de mulher és tu? Kkk atitudes de criança você tem passe bem ai fique se achando geral sabe como você é...
Alicinha é mulher só DP, gostou da surpresa?
Mas então, já que ela não merece tudo isso porque vocês continuam dando palco? ???
Tá bom mano, não é surpresa nenhuma geral sabe, quem continuou dando palco foi você, o meu topico eu falei e tranquei, tu que para lamber a perreca das duas abriste outro, cresce um pouco moço.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:01:06 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Benthley Clodywell em 06 de Outubro, 2020, 11:03:30 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:03:57 am
So sei q vou me aproveitar de minha amiguinha Alice pra pegar mensagem pq se as inimiga faz isso tbm posso ne alicinha agajsgsjsgaj, ops esqueci q as inimiga bota os macho pra falar rs. Joga pro alto q é im moçah GSJSGSKAGA
Tu falas mas fazes o mesmo, ou a alicinha é mulher kkkk
Arizona tu só precisas é de crescer ter mais maturidade eu só vim aqui falar pq eu quis fui eu que publiquei ela não pediu coisa nenhuma pois ela falou que tu nem merecia nossa atenção e realmente não merece, mas é mais para o pessoal ver a tua mentalidade, pq nas costas falas o que te apetece vais no PV dizes o que queres e bloqueias que raio de mulher és tu? Kkk atitudes de criança você tem passe bem ai fique se achando geral sabe como você é...
Alicinha é mulher só DP, gostou da surpresa?
Mas então, já que ela não merece tudo isso porque vocês continuam dando palco? ???
Tá bom mano, não é surpresa nenhuma geral sabe, quem continuou dando palco foi você, o meu topico eu falei e tranquei, tu que para lamber a perreca das duas abriste outro, cresce um pouco moço.
NUNCA precisei lamber perereca de ninguem pra "ser" ou ter algo, so...
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:09:26 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 11:16:56 am
Senta no pau, isso ai é falta de rola. Ou buceta, seilá. '-' Esse assunto tá batido já.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:21:37 am
Senta no pau, isso ai é falta de rola. Ou buceta, seilá. '-' Esse assunto tá batido já.
Ui, vamos 'delisia'.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 11:23:21 am
Senta no pau, isso ai é falta de rola. Ou buceta, seilá. '-' Esse assunto tá batido já.
Ui, vamos 'delisia'.

Opa, umbora.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 06 de Outubro, 2020, 11:24:59 am
Você só é mulher DP  ? :o :o :o
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Benthley Clodywell em 06 de Outubro, 2020, 11:29:08 am
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 06 de Outubro, 2020, 11:34:10 am
Senta no pau, isso ai é falta de rola. Ou buceta, seilá. '-' Esse assunto tá batido já.
Ui, vamos 'delisia'.

Opa, umbora.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk oxe
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 06 de Outubro, 2020, 11:34:57 am
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:35:32 am
Você só é mulher DP  ? :o :o :o
Para de se fazer de sonso, desgraçado
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Benthley Clodywell em 06 de Outubro, 2020, 11:36:24 am
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(
Hihi /cry
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 11:36:43 am
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:37:11 am
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(
KKKKKKKKKKKK
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 12:12:19 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 06 de Outubro, 2020, 12:15:15 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
PAREM DE DESTRUIR MEUS SONHOS, eu ainda quero entrar pra machado
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 12:17:01 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
PAREM DE DESTRUIR MEUS SONHOS, eu ainda quero entrar pra machado
Tá fazendo RP de palhaço, é?
Conheço você de longe, viu desgraça
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 06 de Outubro, 2020, 12:29:25 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
PAREM DE DESTRUIR MEUS SONHOS, eu ainda quero entrar pra machado
Tá fazendo RP de palhaço, é?
Conheço você de longe, viu desgraça
Vou por a skin de garçom, por favor me convida, eu sou amigo da Arizona
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 12:39:03 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
PAREM DE DESTRUIR MEUS SONHOS, eu ainda quero entrar pra machado
Tá fazendo RP de palhaço, é?
Conheço você de longe, viu desgraça
Vou por a skin de garçom, por favor me convida, eu sou amigo da Arizona
A palhaçada sem fim
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 06 de Outubro, 2020, 02:14:54 pm
:(
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Kendda Schutzney em 06 de Outubro, 2020, 02:28:26 pm
Kkkkk
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Lais Hickmann em 06 de Outubro, 2020, 02:30:23 pm
eita
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Benthley Clodywell em 06 de Outubro, 2020, 02:41:36 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Não precisa de muito pra saber sobre vocês e como lidam com os caminhos que escolhem, escolheram criar inimigos, você escolheu desmoronar nossa amizade com esse Tópico
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 02:57:01 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.

Velho, se formos julgar pelas postagens que as pessoas fazem nas redes sociais todo mundo seria morto ou preso '-'. Ele só tem 16 anos de idade, ele interpretou de outra forma o que ele viu, porém, quem conhece ele de verdade observa que ele é um cara com uma personalidade completamente boa, isso eu garanto.  Ele ajudou muito vocês, e tão pouco não reconheceu. Custava conversar igual pessoas civilizadas? Dizer a ele que isso nao era apropriado e que se mandasse novamente seria expulso...?
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Leonardoo Cabral em 06 de Outubro, 2020, 03:03:52 pm
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(
Brigo com você mas no fundo te amo.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 06 de Outubro, 2020, 03:05:21 pm
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(
Brigo com você mas no fundo te amo.
Amor é assim....
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 03:07:12 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Não precisa de muito pra saber sobre vocês e como lidam com os caminhos que escolhem, escolheram criar inimigos, você escolheu desmoronar nossa amizade com esse Tópico
Você escolheu se doer pelos outros, por isso se "desmoronou" e quanto a isso eu não posso fazer nada.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Das Mulher em 06 de Outubro, 2020, 03:07:25 pm
fdc
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 03:12:05 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.

Velho, se formos julgar pelas postagens que as pessoas fazem nas redes sociais todo mundo seria morto ou preso '-'. Ele só tem 16 anos de idade, ele interpretou de outra forma o que ele viu, porém, quem conhece ele de verdade observa que ele é um cara com uma personalidade completamente boa, isso eu garanto.  Ele ajudou muito vocês, e tão pouco não reconheceu. Custava conversar igual pessoas civilizadas? Dizer a ele que isso nao era apropriado e que se mandasse novamente seria expulso...?
Primeiramente, ele não postou isso em rede social (preferia que fosse), ele mandou diretamente no nosso grupo e ainda mandou um "Eu quando tiver filho", mais uma vez vc falando de algo que não sabe. Você não sabe o estrago que isso provocou e talvez nunca vai saber, as regras são bem claras e sempre informamos sobre elas a todos os membros.  Em segundo lugar, o trabalho de todo mundo é reconhecido, de forma direta e/ou indireta.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Kendda Schutzney em 06 de Outubro, 2020, 03:17:59 pm
Fogo no parquinho
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 06 de Outubro, 2020, 03:22:36 pm
parem de brigar amigos
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Benthley Clodywell em 06 de Outubro, 2020, 04:21:09 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Não precisa de muito pra saber sobre vocês e como lidam com os caminhos que escolhem, escolheram criar inimigos, você escolheu desmoronar nossa amizade com esse Tópico
Você escolheu se doer pelos outros, por isso se "desmoronou" e quanto a isso eu não posso fazer nada.
Isso porquê eu tenho a quem amar, doer pelos outros é parte do pacote de ter amizades, (Amizades que no caso tem futuro, não entre pessoas que só desejam o humilhar aos outros, exemplo: Desenvolvedores desse Topico.)
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 05:20:17 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Não precisa de muito pra saber sobre vocês e como lidam com os caminhos que escolhem, escolheram criar inimigos, você escolheu desmoronar nossa amizade com esse Tópico
Você escolheu se doer pelos outros, por isso se "desmoronou" e quanto a isso eu não posso fazer nada.
Isso porquê eu tenho a quem amar, doer pelos outros é parte do pacote de ter amizades, (Amizades que no caso tem futuro, não entre pessoas que só desejam o humilhar aos outros, exemplo: Desenvolvedores desse Topico.)
O meu intuito nunca foi humilhar ninguém e não o fiz aqui, cuidado com aquilo que você fala, me mostre onde eu humilhei alguém. Parece que esse tópico tá monstrando coisas que eu não queria ver, mas que precisava.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 06 de Outubro, 2020, 05:51:35 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Não precisa de muito pra saber sobre vocês e como lidam com os caminhos que escolhem, escolheram criar inimigos, você escolheu desmoronar nossa amizade com esse Tópico
Você escolheu se doer pelos outros, por isso se "desmoronou" e quanto a isso eu não posso fazer nada.
Isso porquê eu tenho a quem amar, doer pelos outros é parte do pacote de ter amizades, (Amizades que no caso tem futuro, não entre pessoas que só desejam o humilhar aos outros, exemplo: Desenvolvedores desse Topico.)
O meu intuito nunca foi humilhar ninguém e não o fiz aqui, cuidado com aquilo que você fala, me mostre onde eu humilhei alguém. Parece que esse tópico tá monstrando coisas que eu não queria ver, mas que precisava.
Vai jogar vai man, tu se enterra cada vez que escreve algo
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 06 de Outubro, 2020, 06:36:01 pm
E eu falei que esse Alice nunca ia ter algo que eu tenho, um pênis, quebrei a cara kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Esse Nasty e eduardo roubando minha assinatura, que eu paguei pra editarem...  :'(
Brigo com você mas no fundo te amo.
pq cr? Kkkk que amor psicopata
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 06 de Outubro, 2020, 11:52:54 pm
Pegou pesado na parte de Bomba em kkkkk

Velho, eu mandei currículo pra fac delas de boa por causa do meu filho dp... Ai elas na call ficaram me chamando de puta disso daquilo ficaram dizendo merdas de mim pelas costas... Ai só disse umas coisas lá, só tratei da forma que me trataram. Agora até expulsaram o garoto, muita covardia.
Sem confundir as coisas ,por favor. Pelos vistos a infos que voce recebeu nem foram as mais corretas. Quanto ao seu filho DP, foi expulso por apologia a violencia domestica, se quiser eu te passo ai o que o seu filhote falou.
Isso chega ao assunto Sr.Tiago? Pensei que era sobre "Quem pediu espumante".. Ai ai, jurei que essa Facção tinha jeito, mas qual quer um depois de um tempo descobrem como vocês são, muitos não sairam por vocês serem um povo tóxico?  pelo oque soube, sim
E provando por a+b que o que eu penso, esta correto (neste caso). Quem mencionou o facto de você ter sido expulso foi a Ellen, mesmo sem saber o motivo.
Interessante que são tóxicos agora, mas enquanto aqui esteve nunca reclamou ou tentou falar com a Arizonna sobre.
E vamos de Tiago k
Realmente, mas já é tarde a recorrer aos erros que cometi ou deixei de cometer ao passado, e talvez não feito isso pensando em que Familia Machados ainda tinha Alice Scwhantzy ainda iria deixar essa facção em seus corretos trilhos, acredita? me enganei.
E o que voce sabe de "corretos trilhos"? Eu também pensei que voce fosse uma pessoa diferente, me enganei rs. Vivendo e se desiludindo, normal ;)
Não precisa de muito pra saber sobre vocês e como lidam com os caminhos que escolhem, escolheram criar inimigos, você escolheu desmoronar nossa amizade com esse Tópico
Você escolheu se doer pelos outros, por isso se "desmoronou" e quanto a isso eu não posso fazer nada.
Isso porquê eu tenho a quem amar, doer pelos outros é parte do pacote de ter amizades, (Amizades que no caso tem futuro, não entre pessoas que só desejam o humilhar aos outros, exemplo: Desenvolvedores desse Topico.)
O meu intuito nunca foi humilhar ninguém e não o fiz aqui, cuidado com aquilo que você fala, me mostre onde eu humilhei alguém. Parece que esse tópico tá monstrando coisas que eu não queria ver, mas que precisava.
Vai jogar vai man, tu se enterra cada vez que escreve algo
Joga por mim, tou me enterrando aqui, me dá um tempo.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Abraham Elfman em 06 de Outubro, 2020, 11:57:02 pm
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Alice Scwhantzy em 07 de Outubro, 2020, 01:31:05 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Tem crítico de facção agora? Sempre tem um pioneiro, parabéns.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 01:35:56 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Vinicius, você só fala merda, mas falou um fato agora, Será mesmo que essa confusãozinha merece tantas palavras, páginas em um tópico só? Idiotice...
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 07 de Outubro, 2020, 01:37:37 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Tem crítico de facção agora? Sempre tem um pioneiro, parabéns.
Dado aos aos atuais índices corporativos de facções do fenixzone, é uma facção de baixo nível.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 01:42:39 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Tem crítico de facção agora? Sempre tem um pioneiro, parabéns.
Dado aos aos atuais índices corporativos de facções do fenixzone, é uma facção de baixo nível.
Man, se não tivesse a fábrica, crtz que quase ninguém ia conhecer  kkkkkk tem que passar essa fab pra Milicia
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 07 de Outubro, 2020, 01:51:05 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Tem crítico de facção agora? Sempre tem um pioneiro, parabéns.
Dado aos aos atuais índices corporativos de facções do fenixzone, é uma facção de baixo nível.
Man, se não tivesse a fábrica, crtz que quase ninguém ia conhecer  kkkkkk tem que passar essa fab pra Milicia
Fica quieto cara, você nem é um crítico de verdade!
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 02:06:40 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Tem crítico de facção agora? Sempre tem um pioneiro, parabéns.
Dado aos aos atuais índices corporativos de facções do fenixzone, é uma facção de baixo nível.
Man, se não tivesse a fábrica, crtz que quase ninguém ia conhecer  kkkkkk tem que passar essa fab pra Milicia
Fica quieto cara, você nem é um crítico de verdade!
hmm...  ??? Tá carente Man? Kkkkkk vou até me calar, não sou  idiota pra ficar rendendo páginas e páginas de brigas num só tópico de um joguinho online como vocês.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Pitbull Delacalle em 07 de Outubro, 2020, 02:20:04 am
Confusão de qualidade pra uma facção de baixa qualidade, realmente, vocês acham que vale a pena?
Tem crítico de facção agora? Sempre tem um pioneiro, parabéns.
Dado aos aos atuais índices corporativos de facções do fenixzone, é uma facção de baixo nível.
Man, se não tivesse a fábrica, crtz que quase ninguém ia conhecer  kkkkkk tem que passar essa fab pra Milicia
Fica quieto cara, você nem é um crítico de verdade!
hmm...  ??? Tá carente Man? Kkkkkk vou até me calar, não sou  idiota pra ficar rendendo páginas e páginas de brigas num só tópico de um joguinho online como vocês.
faz xiu faz
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Mano Theaga em 07 de Outubro, 2020, 02:22:19 am
Machados é aquela Facção LGBT+ lá fundada pelo Paiva?
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Kaio Ribeiro em 07 de Outubro, 2020, 02:53:41 am
Hm... Curioso... Bastante curioso!!!
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Zayn Bettelheim em 07 de Outubro, 2020, 12:21:46 pm
O que aconteceu gente? Hein hein?
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Carlos Rhautter em 07 de Outubro, 2020, 01:09:08 pm
Arizona cabeça de algodão e Lorraine cabeça de sapo.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Guilherme Rooster em 07 de Outubro, 2020, 01:46:58 pm
Resumo: Com os avanços tecnológicos e o maior acesso da população aos
ambientes virtuais, as formas de interação entre as pessoas sofreram grandes
modificações. Novos fenômenos comunicacionais surgem a todo o momento a
partir das interações virtuais e, de certa maneira, democratizam a comunicação e
a informação. A web permite a todos serem produtores de conteúdo possibilitando
o compartilhamento de experiências, que podem ser disseminadas por milhares de
ciberindivíduos. Sendo assim, a comunicação na internet é marcada pela ruptura
de padrões linguísticos e imagéticos convencionados no “mundo offline”.
Caracteriza-se em uma comunicação híbrida que parece repudiar as normas
cultas, e tende a buscar uma aproximação com uma linguagem oralizada. Neste
trabalho, pretende-se refletir sobre o modo de organização do gênero meme e a
relevância de uma análise mais profunda do meme e suas características como
um gênero discursivo digital. Produzidos a partir de recortes, leituras e releituras
tanto de textos quanto imagens e vídeos, os memes são produtos discursivos da
cultura digital. O que para alguns pode ser apenas bobagens compartilhadas na
internet, para os estudos linguísticos contemporâneos pode ser um campo fértil de
pesquisa. Estudar um fenômeno compartilhado pelos atores nas redes sociais
virtuais, que também ressignifica o discurso do repertório cultural, social e político
cotidiano. Para tal reflexão da relevância do estudo sobre o meme como gênero
do discurso na internet, esta pesquisa utiliza como base teórica os conceitos de
Bakhtin (1997, 2002, 2006), Dawkins (1979), Fiorin (2006), Lévy (1999) e Recuero
(2006, 2007, 2009) entre outros.
Palavras-chave: Meme; Discurso; Interação na internet; linguagem digital.
1 Prelúdio de uma pesquisa
A mudança da rotina social dos seres humanos nos tempos modernos
tem levado as pessoas a, cada vez mais, utilizarem a Internet como meio de
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interação a partir do qual os indivíduos criam e mantêm suas relações
interpessoais e constroem novas formas de se comunicar e de se relacionar no
mundo. Tal realidade leva a um novo modo de sociabilidade das interações
sociais, com a criação de redes e comunidades virtuais, e exige que as
pessoas estejam em um processo de constante aprendizado, para acompanhar
as novas dinâmicas das redes e participar das novas práticas que surgem
nesses ambientes, com uma frequência cada vez maior.
Nas redes sociais, os memes são compreendidos como enunciados1
,
piadas ou comportamentos que se espalham por meio de sua replicação de
forma viral, caracterizados a partir de determinados aspectos sociais, culturais,
temporais, espaciais, etc.
O termo meme foi utilizado pela primeira vez em 1976, pelo
evolucionista Richard Dawkins, no livro “O Gene Egoísta”, que chamou de
meme toda produção cultural que era replicada socialmente. Para Recuero
(2009, p. 122), o meme na internet diz respeito a uma mensagem que é
insistentemente reproduzida e propagada através das redes sociais, podendo
ser modificada, mas mantendo alguma identificação com a mensagem original,
fomentando interações entre indivíduos.
Conforme Blackmore (1999, apud RECUERO, 2009, p. 123), esse termo
provém da palavra grega Mimeme, utilizada com o significado de imitação. Os
memes circulam nas redes sociais e podem ser compreendidos como gêneros
“potencializados pela rede e parte da dinâmica social desses ambientes”
(RECUERO, 2009, p. 122).
O meme da internet é um gênero discursivo relativamente novo e como
todo tipo de enunciado está ligado às necessidades comunicativas e interações
sociais humanas, mas ainda é pouco estudado em uma perspectiva linguísticodiscursiva.
Apesar do número significativo de trabalhos acadêmicos que tocam a
temática abordada nesse artigo, avalia-se que este fenômeno necessita de
maior atenção da área de Letras, pois se trata de um tipo de discurso
intimamente ligado à construção da identidade social de um povo, que
influencia de forma direta o comportamento social. Acredita-se que uma
pesquisa mais ampla sobre o funcionamento linguístico e sociodiscursivo deste

1 Nesse trabalho, utilizaremos o conceito de enunciado como um evento de comunicação, não
apenas um ato de fala, mas todo ato de linguagem - “A enunciação enquanto tal é um puro
produto da interação social, quer se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das condições de vida de uma
determinada comunidade linguística.” (BAKHTIN, 2006, p. 124).
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gênero trará uma contribuição significativa para o conhecimento deste
fenômeno.
Dados da pesquisa TIC2
 (Tecnologias da Informação e Comunicação)
do Comitê gestor da internet no Brasil, mostram o tamanho do ciberespaço
brasileiro: são 102 milhões de pessoas conectadas à internet, sendo que este
número representa, aproximadamente, 58% da população do país, que
também é o quarto maior país em internautas do mundo 3
. Nesse contexto, é
impossível não reconhecer a importância dos processos de interação e
comunicação entre os sujeitos conectados.
É comum as interações dos internautas brasileiros tornarem-se trend
topics4 nas redes sociais, realizadas por meio de uma prática comunicativa em
que a circulação do conteúdo não depende somente do interesse particular dos
meios de comunicação, mas sim, da participação ativa dos que a consomem.
Isso prova a relevância desses discursos no contexto social, cultural e político
contemporâneo, pois são frutos de uma prática comunicativa que acontece em
um ambiente social, onde há diferentes possibilidades de perfis (pessoais,
falsos, empresariais, entre outros) e uma grande diversidade de conteúdos que
são importantes para se entender a configuração atual da sociedade
conectada.
A observação desses discursos permite pensar sobre as práticas sociais
que combinam perspectivas materiais e simbólicas durante o processo de
comunicação. Além disso, as redes sociais enfatizam a circulação dos fluxos
discursivos instantâneos, possibilitando processos de interações particulares e
ao mesmo tempo coletiva entre os participantes.
Estudar os memes por meio das práticas discursivas significa
compreender que sua replicação em determinados ambientes se encontra
ligada a valores simbólicos, sociais, culturais e linguísticos que contribuem para
a formação de grupos de interesse compartilhado. A partir dessas práticas, os
indivíduos transmitem discursos e expressam desejos de se encontrarem em
um lugar na comunidade virtual e social.
2 Um panorama da interação e discurso nas redes sociais virtuais

2 Portal Brasil. Disponível em: https://goo.gl/vVUksd. Acesso em: 17 out de 2017.
3 Disponível em: https://goo.gl/W28D4J. Acesso em: 17 out de 2017.
4 Uma lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter em todo o mundo. O Google
também possui essa mesma ferramenta de demonstração do assunto mais comentado do
momento, chamado Google Trends.
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A linguagem, como uma das modalidades simbólicas, converte-se para
o indivíduo em ponto de partida do seu pensamento e serve como mediação
nas relações sociais. Admitindo-se que o homem vive não só no mundo
natural, mas em um mundo simbólico, é coerente considerar que cada sujeito
tem uma representação do que seja o mundo e a constituição dessa
representação é propiciada principalmente pela linguagem.
O uso da linguagem é norteado por mecanismos de institucionalização,
que são mobilizados pelos indivíduos para se organizarem enquanto um grupo
específico que busca reservar seu espaço na sociedade, que busca formar e
manter uma identidade a fim de ser reconhecido pelos membros de outros
grupos e, assim, passar a estabelecer relações.
Segundo Amaral (2011, p. 01), cada vez mais o ambiente on-line é
composto de múltiplos e diversos espaços nos quais se encontram
representados os mais variados atores sociais, subculturas, classes sociais e
nichos, através da participação colaborativa na rede. O ambiente virtual
pressupõe autonomia, através de recursos de interconexão e compartilhamento
mútuo.
As redes sociais constituem-se como um mercado linguístico
diferenciado, pois as trocas de produtos linguísticos ocorrem no
virtual, através de um tipo distinto de interação que promove a
produção e a circulação linguística (BRISOLARA, 2017, p. 711).
Desse modo, os sistemas de publicação na Internet tornam-se não
apenas indexadores de informação, mas passam a adquirir novas formas de
uso e novas culturas, transformando-se em fortes ferramentas de interação
social. Segundo Recuero (2007, p. 23), as postagens, assim como os memes
nas páginas da Internet, são formas de comunicação e representação que
replicam ideias e informações e proporcionam, assim, a formação e a
complexificação das redes sociais, com dinâmicas próprias e diferenciadas.
“Há a predominância da discussão entre grupos de interesses convergentes,
que, segundo Castells (1999), se comunicam em um processo de interação
liberta, fundada na cooperação, na reciprocidade e na informalidade”
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 4).
Segundo Marcuschi (2008, p. 199), a Internet e todos os gêneros ligados
a ela (tais como e-mails, chat rooms, fóruns de discussões, etc.) assim como
os memes, são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na
interação mediada por computadores, na maioria das vezes, faz-se necessária
a inserção de elementos criativos capazes de suprir a ausência das
informações audiovisuais que aparecem em um discurso face a face. Sendo
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assim, torna-se necessário conhecer essa articulação linguística memética e
suas representações verbais e visuais, que contribuem não apenas para
auxiliar na compreensão da elocução, para revelar estados emocionais,
motivações ou expressar relações interpessoais, mas também para a
apresentação de uma identidade virtual.
O surgimento de novas práticas discursivas e de linguagem também
complexificam os usos e apropriações dessas práticas, e exige que os usuários
da Internet estejam em um processo de constante socialização, de modo a
adquirir e participar de novos rituais que surgem com uma frequência cada vez
maior no ambiente on-line.
Além disso, por meio de práticas socioculturais específicas de
determinados nichos da Internet, os participantes demonstram sua vinculação a
uma disputa de classes que representa a diversidade encontrada nas redes e
reforça a construção de identidade e identificação com um determinado grupo
social. Segundo Amaral (2011, p. 2), o conhecimento dos memes também
funciona como moeda de troca do capital social entre os sujeitos conectados.
por um lado, há um aprendizado e uma cognição específicas que
devem ser potencializadas e apreendidas e, por outro lado,
percebemos apropriações criativas que só fazem sentido dentro de
um determinado contexto e que trabalham com níveis diferentes de
intertextualidades. (AMARAL, 2011, p. 2).
O ato da linguagem ultrapassa as regras da gramática normativa e
torna-se uma peça fundamental para pensar a complexidade que é a vida
social. O discurso é visto como um jogo comunicativo pensado a partir do
“conjunto da encenação da significação do qual um dos componentes é
enunciativo (discurso) e o outro enuncivo (história)” (CHARAUDEAU, 2001,
p.25). Essa é uma abordagem que mescla a dimensão linguística e o contexto
social, sem que um se sobreponha ao outro.
Para Bakhtin (2006, p. 108), a linguagem é essencialmente plural,
atravessada pelas diversas vozes sociais e está intimamente ligada às
múltiplas práticas linguageiras da vida cotidiana, inserida nos mais diversos
grupos socioideológicos e em seu momento histórico. Os significados de um
signo linguístico se alteram através dessas relações dinâmicas e vivas entre os
sujeitos, suas contradições, mudanças culturais e ideológicas.
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A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2006, p. 123, grifos do autor).
Os textos produzidos nas ações comunicativas dos sujeitos agrupam-se,
assumindo características comuns que permitem serem reconhecidos e
interpretados por uma determinada comunidade. “Cada esfera de utilização da
língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN 1997, p.279). A partir dessas
características discursivas é que são construídos os gêneros discursivos, como
o meme.
Chartier (1991, p.177) percebe o mundo como representação, a partir
de um aspecto não mais dual, no caso desta pesquisa, o real e virtual. O autor
aborda a necessidade de
perspectivas abertas para pensar outros modos de articulação entre
as práticas e o mundo social, sensíveis ao mesmo tempo à
pluralidade das clivagens que atravessam uma sociedade e à
diversidade dos empregos de materiais ou de códigos partilhados.
(CHARTIER, 1991, p. 177).
A partir dessa ideia, amplia-se o reconhecimento dos espaços de
interação entre os sujeitos como ambiente virtual. Estabelecendo o ciberespaço
como um ambiente dialógico de inúmeros discursos, próprio para produzir,
reproduzir e ressignificar os sentidos de uma mensagem que pode ser
apropriada de diversas maneiras pelos ciberindivíduos. É o todo do universo
virtual onde os sujeitos estão inseridos, onde consomem e produzem
conteúdos e informações.
é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial
dos computadores”. É um universo de “inter” e “hiper” conexão dos
habitantes cibernéticos. “O ciberespaço é um ambiente heterogêneo,
intotalizável, no qual cada ser humano pode participar e contribuir.
(LÉVY, 1999. p. 126).
A ascensão do ciberespaço possui fundamentalmente três princípios: a
interconexão, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão
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é o princípio básico, que destrói as barreiras geográficas. A partir dela, criamse comunidades virtuais, que são formadas por pessoas com interesses e
projetos semelhantes. Por fim, a inteligência coletiva é a dinâmica dialógica
entre os participantes dessas comunidades, suas trocas de saberes e
conhecimentos.
As redes sociais digitais são grupos independentes de pessoas com
interesses em comum, que se organizam e interagem mediados pelo
computador e também fora das redes. O virtual não se opõe ao real, esses
indivíduos estão apenas desterritorializados. Simbolicamente, neste espaço,
cada sujeito constrói sua reputação através das interações com outros
participantes, pois, conforme afirma Lévy (1999, p.128), “a moral implícita na
comunidade virtual é em geral a reciprocidade”.
Recuero (2009, p. 80) também afirma que nas interações entre os
ciberindivíduos, as redes sociais se constituem por um processo dinâmico, vivo
e em constante transformação, mas assegura que o ciberespaço também é um
ambiente de disputas. “É possível que existam interações que visem somar e
construir um determinado laço social e interações que visem enfraquecer ou
mesmo destruir outro laço” (RECUERO, 2009, p. 79). Dessa maneira, as redes
sociais virtuais também incluem os sujeitos em ações de ordem, caos, união e
rupturas. Isso se dá a partir das características de cooperação, competição ou
de conflito que acontecem entre os sujeitos participantes de uma rede.
A cibercultura convive com uma cultura modificada pela velocidade dos
dias contemporâneos, pela ausência de barreiras geográficas, pela pluralidade,
pelos pensamentos coletivos e conectados por uma cultura midiática,
transmidiática, que navega entre três pilares: os meios de comunicação, a
cultura participativa e inteligência coletiva.
Convergência, pode ser entendida como o fluxo de conteúdos através
de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação que vão a qualquer parte em busca das experiências de
entretenimento que desejam. “É uma palavra que consegue definir
transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo
de quem está falado e do que imaginam estar falando”. (JENKINS, 2009, p. 29)
A relevância da internet para a cultura de convergência não pode ser
menosprezada. É nela que se percebe toda sua potencialidade, mas ela não
existe apenas no ciberespaço. A convergência é uma ocorrência humana e
funciona para a formação de conceitos e opiniões. A compreensão, em uma
visão plausível, é impossível sem a convergência, assim como o processo
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cognitivo de agrupar sentidos e significados. É algo inerente ao ser humano e
decorrente de suas interações e relações sociais. Sua história e narrativa tem
sua própria mitologia pessoal construída “a partir de pedaços e fragmentos de
informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através
dos quais compreendemos nossa vida cotidiana” (JENKINS, 2009, p. 30).
Recuero (2006, p. 12) aponta que as postagens em websites, weblogs e
nas próprias redes sociais, além de serem espaços para a apresentação da
identidade do de construção da sua rede social, ainda podem servir a uma
terceira função: a geração de reputação e status para o autor da postagem.
Desse modo, as publicações na internet, incluindo os memes, são ações
coletivas e motivadas, que podem refletir não apenas a identidade do self, mas
também dar-lhe reputação dentro da rede social.
A reputação, em termos de capital social nos weblogs, pode ser
baseada na confiança que alguns depositam em alguém, seja porque
esta pessoa divulga informações interessantes, seja porque lhe dão
crédito. (RECUERO, 2006 , p. 9).
Na era tecnológica, as redes sociais firmam seu espaço como
importante ferramenta de respaldo na construção das identidades pessoais.
Em uma época em que cada vez mais pessoas se utilizam desse tipo de
recurso, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se não como
uma tendência passageira, mas como algo que modifica radicalmente as
formas de relacionamento na sociedade.
Segundo Castells (2008, p. 23), a construção da identidade está
interligada com o contexto, tendo em vista que todas as intervenções sociais e
as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, sendo
ao ator social aplicadas as suas necessidades para com a sociedade. Mas, a
respeito de atores sociais, a Identidade é:
um processo de construção de significado com base em um atributo
cultural, ou ainda um conjunto de atributos culturais interrelacionados, o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de
significados. Para um determinado indivíduo ou ainda um ator
coletivo, pode haver identidades múltiplas. (CASTELLS, 2008, p. 22).
A identidade dos sujeitos da interação na internet pode ser interpretada
e reinterpretada de várias maneiras, seguindo os pressupostos teóricos e
reflexões paradoxalmente enfatizadas por cada indivíduo e sua complexidade
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subjetiva. “A construção de identidade assumiu a forma de uma
experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam” (BAUMAN,
2005, p. 91). Uma construção identitária é movente, ou seja, a “identidade
torna-se celebração móvel, formada e transformada” (HALL, 2006, p. 11-12).
Nesse sentido, as redes sociais também são “espaço de práticas sociais e
identitárias” (BRISOLARA, 2017, p. 713).
Portanto é importante salientar que nesses espaços coletivos virtuais,
através de diferentes atividades, sentidos e significações é que se materializa o
pensar e o agir dos sujeitos. O ambiente virtual não deve mais ser tratado
como “não-lugar” e muito menos da forma dicotômica, criando uma oposição
entre o virtual e o “real”.
3 Um campo aberto de pesquisa
Os gêneros discursivos são fenômenos históricos, vinculados à vida
social e cultural. São formas de ação social que ordenam e estabilizam as
atividades comunicativas. Como entidades sócio discursiva, são entidades
comunicativas. Para Marcuschi (2002, p. 19-25), são formas verbais “de ação
social relativamente estáveis realizadas em textos situados em comunidades
de práticas sociais e em domínios discursivos específicos”.
Quando fala sobre a noção de diálogo (dialogismo) no processo
comunicativo, Bakhtin trata das relações interativas como processos produtivos
de linguagem. Gêneros e discursos são vistos como esferas de uso da
linguagem verbal, não apenas no plano da estrutura linguística. Segundo o
autor, o gênero é uma forma enunciativa, que depende mais do contexto e da
cultura que da palavra. Segundo Silva (1999, p. 92), por serem “formas
relativamente estáveis” de manifestação de discurso, os gêneros refletem “os
modos de sistematização e/ou normatização historicamente construídos pelos
sujeitos em seus processos interacionais”.
Nos aportes teóricos até aqui apresentados, procurou-se esclarecer e
demarcar a importância de um estudo do meme como gênero nativo digital.
Compreender os fenômenos meméticos replicados na internet pode auxiliar
para a compreensão dos diversos modos de relações, do repertório social,
cultural e de valores que são ampliados nesse ambiente.
Espera-se, assim, que estudos mais aprofundados desse fenômeno
levem a um melhor entendimento do novo modo de discurso e convívio social
que tem tomado forma com o avanço cada vez mais rápido da tecnologia digital
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on-line, através das redes sociais, weblogs, websites, mensagens
instantâneas, etc. Afinal, o estudo dos memes apresenta-se:
como consideração de uma linguagem original, parte de um
organismo próprio que transpõe barreiras, facilitando e libertando a
comunicação em sua forma convencional escrita, possibilitando uma
expressividade coletiva e criando uma nova dinamização na rede.
(MORAES, MENDES E LUCARELLI, 2011, p. 14).
Portanto, investigar as características do meme como um gênero nativo
digital torna-se relevante, no que diz respeito à produção do conhecimento,
pelo aprofundamento teórico no âmbito das teorias do discurso e do gênero
textual, assim como na intenção de aprofundar as reflexões sobre a construção
desses novos processos discursivos. É por meio de investigações reflexivas,
que se compreende os diferentes sentidos e significados que envolvem a
linguagem, a leitura, a escrita, as relações e os discursos sociais
contemporâneos.
Referências
AMARAL, Adriana. Redes sociais, linguagem e disputas simbólicas. Com
Ciência, n. 131, Campinas, 2011. Disponível em:
http://comciencia.scielo.br/pdf/cci/n131/a09n131.pdf. Acesso em 17 out 2017.
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2006.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes,1997.
BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética - A Teoria do Romance.
São Paulo: Hucitec/AnnaBlume, 2002.
BAUMAN, Z. Identidade. Entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: J.
Zahar, 2005.
BRISOLARA, Valéria. Práticas identitárias em redes sociais: analisando
interações no facebook. In: Diálogos Interdisciplinares: Cultura,
Comunicação e Diversidade no Contexto Contemporâneo. organizadores
Ernani Cesar de Freitas, Juracy Assmann Saraiva e Gislene Feiten Haubrich. –
Novo Hamburgo: Feevale, 2017. p. 709-719.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v.
1.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra,
2008. Publicado originalmente em 1942.
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H. et alii (dir.), Fundamentos e dimensões da análise do discurso, FaleUFMG, Edit. Carol Borges, Belo Horizonte, 1999.
CHARAUDEAU, P. Uma teoria dos sujeitos da linguagem. In: MARI, Hugo;
CHARTIER, R. O mundo como representação. In: Estudos Avançados.
Campinas: Unicamp, 11(5), 1991. p.173-191. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8601/10152. Acesso em 17 out
2017.
CLARK, Katerina; HOLQUIST, Michael. Rebelais e seu mundo. In: Mikhail
Bakhtin. São Paulo: Perspectiva, 1998.
DAWKINS, Richard. O gene egoísta. São Paulo: EDUSP, 1979.
FIORIN, José Luiz. Interdiscursividade e intertextualidade. In: Bakhtin Outros
Conceitos-chave. Beth Brait (Org). São Paulo: Contexto, 2006.
FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de
pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2011.
HALL, S. A Identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro:
DP&A, 2006.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: ALEPH, 2009
LÉVY, PIERRE. Cibercultura. São Paulo: Editora 34. 1999.
MACHADO, Ida Lucia. MELLO, Renato de (orgs.). Análise do discurso:
fundamentos e práticas. Belo Horizonte: NAD\FALE\UFMG, 2001.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e
compreensão. São Paulo: Parábola Editorial. 2008.
MORAES, Francine; MENDES, Gustavo; LUCARELLI, Talita. Memes na
internet: a web 2.0 como espaço fecundo para propagação. XXXIV
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, Recife, PE, 2
a 6 de setembro de 2011. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da
Comunicação. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-2277-1.pdf.
Acesso em 17 out 2017.
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RECUERO, Raquel da Cunha. Memes e dinâmicas sociais em weblogs:
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RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
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se esse foi o resumo imagina o texto original, pqp
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Elenn Blackwell em 07 de Outubro, 2020, 01:49:28 pm
kkkkkkkkkkkkkkkkkk Ainda esse tópico? Fz tá tediante mesmo. VAMOS BRIGAR FIGHT
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 01:51:23 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Das Mulher em 07 de Outubro, 2020, 01:58:57 pm
2
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Juan Blindadopordeus em 07 de Outubro, 2020, 04:20:29 pm
Machados é aquela Facção LGBT+ lá fundada pelo Paiva?
n lembro, acho q é aquela facção q recruta nível 3
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gustavo Nazareth em 07 de Outubro, 2020, 05:33:47 pm
Vodka ou água de coco, pra mim tanto faz...
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 07 de Outubro, 2020, 06:56:23 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Acho que vou roubar também kkkk já que a minha do Harry Potter deu advertência ahahahah
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 06:58:19 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Acho que vou roubar também kkkk já que a minha do Harry Potter deu advertência ahahahah
Se quiser ter que pagar processo também, coloca aí, já tô solicitando aqui na justiça.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 07 de Outubro, 2020, 06:59:49 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Acho que vou roubar também kkkk já que a minha do Harry Potter deu advertência ahahahah
Se quiser ter que pagar processo também, coloca aí, já tô solicitando aqui na justiça.
Kkkkk ta bom mano perdão vou colocar mais não, vai que depois não tenho grana para te pagar :(
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 07:03:33 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Acho que vou roubar também kkkk já que a minha do Harry Potter deu advertência ahahahah
Se quiser ter que pagar processo também, coloca aí, já tô solicitando aqui na justiça.
Kkkkk ta bom mano perdão vou colocar mais não, vai que depois não tenho grana para te pagar :(
Zuera pow, sou tóxico não, pode botar.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Jhulio Capriati em 07 de Outubro, 2020, 07:05:18 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Acho que vou roubar também kkkk já que a minha do Harry Potter deu advertência ahahahah
Se quiser ter que pagar processo também, coloca aí, já tô solicitando aqui na justiça.
Kkkkk ta bom mano perdão vou colocar mais não, vai que depois não tenho grana para te pagar :(
Zuera pow, sou tóxico não, pode botar.
Sério achei que tava falando sério kkkkkkkkkkk
mds man um tentando zoar o outro e não em nada afs agora também não quero colocar kkkk
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gabriel Mcford em 07 de Outubro, 2020, 07:08:31 pm
PQP ELLEN, VOCÊ, NASTY E EDUARDO FICAM ROUBANDO ASSINATURA, SE LIGA QUE DAQUI A POUCO EU PROCESSO VOCÊ, LADRÕES
Acho que vou roubar também kkkk já que a minha do Harry Potter deu advertência ahahahah
Se quiser ter que pagar processo também, coloca aí, já tô solicitando aqui na justiça.
Kkkkk ta bom mano perdão vou colocar mais não, vai que depois não tenho grana para te pagar :(
Zuera pow, sou tóxico não, pode botar.
Sério achei que tava falando sério kkkkkkkkkkk
mds man um tentando zoar o outro e não em nada afs agora também não quero colocar kkkk
kkkkkkkkk eu sou d boa pow, se você tiver com mefo que isso seja uma cilada, tira print minha dizendo que foi minha permissão pra usar.

Lhe dou minha permissão pra usar minha assinatura zoando Jeri trans, pronto.
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Ethan Machado em 07 de Outubro, 2020, 11:49:21 pm
q
Título: Re:Quem pediu espumante?
Enviado por: Gareth Berkgamp em 08 de Outubro, 2020, 03:27:36 am
po tamaluco
todo respeito rapaziada
td respeito legal
mas n vo fica nessa dai nao mano
nao vo fica nessa dai nao
pq se eu fica nessa eu vo te que faze video
quase todos os jogo
pq se nos fica com esse fdp desse arrombado desse treinado ai
nos vai fica passano essas vergonha q nois ta passano ai
eai o marco braaz
o proximo video vai se diretamente pra tu valeu
pra tu se liga na sua responsa
e manda esse cara logo o arrombado
envia um treinado afiado mermao
cofoi como q nois vai toma de cinco
nois bebe e wiski nois n bebe suco dell vale n fdp
vtnc porra
acorda krl
comé q nos vai toma de cinco porra
dus cara mermao
vai po caralho