FZ Roleplay

Geral => Off-topic => Tópico iniciado por: Pethy Lockwood em 09 de Agosto, 2022, 11:19:16 pm

Título: Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Pethy Lockwood em 09 de Agosto, 2022, 11:19:16 pm
Criei um novo tópico pq o fecharam o antigo.

Cara, eu estava procurando um servidor de roleplay pra jogar e dedicar um tempo da minha vida, isso era setembro de 2014. Encontrei o fenixzone e criei uma conta para começar a jogar. Eu não salvei o servidor na lista do samp, logo eu eu fiquei alguns dias sem jogar por não saber qual era o servidor (perdi um tempo em outros servidores também enquanto eu não achava o fz). Passou uns dias e eu reencontrei o servidor, então salvei e tive que criar outra conta pra jogar porque eu não sabia qual era a senha da primeira conta. Então comecei a jogar e fiz vários amigos. Joguei por quase 5 anos seguidos, vi várias fases do servidor, até o fim de 2015 estava muito bom de se jogar, em 2016 o nível começou a cair um pouco, vários amigos desistiram de jogar, servidor foi ficando sem moderador (servidor ficava um mês tranquilo sem moderador fazer login), hackers tomando conta... tava impossível jogar na paz, você pegava um caminhão pra trabalhar e vinha um filho da puta e fazia ASR, estragava nossa diversão, vinha um mêcanico pra arrumar o carro e o cara matava o mecânico também, e nisso, desanimava 2 pessoas de uma vez. Em 2017 foi um dos piores anos do servidor no meu ponto de vista, a impunidade tomou conta do servidor, moderação inativa, contas sendo roubadas e banidas, moderador não dava resposta sobre esses roubos, o cara colocava 10, 20fz, gastava dinheiro FP e vinha um desgraçado e roubava conta e o cara que colocou dinheiro ficava sem a conta e sem resposta. Confesso também que eu fui um tremendo filho da puta, em 2016 eu ganhei uma facção com nome de Family Yakuza, e então eu vi ali uma fonte de dinheiro, decidi ir nos containers dos caminhoneiros, onde ficava muito cheio antigamente (não sei como está hoje), e anunciei a fação a venda por 100k. Enganei umas 10 pessoas ao total. Hoje em dia eu me arrependo de ter feito isso, porque eu vejo que são atitudes como essa que faz uma pessoa desanimar a jogar, pois muitas vezes elas não tinham dinheiro FP pra colocar FZ então trabalhavam igual condenados, pra no final das contas vir um canalha como eu e levar 100k assim em questão de minutos, fui um babaca. Eu literalmente vivia pra esse jogo, criei várias contas na expectativa de começar do zero e ter um bom roleplay e consegui por duas vezes.  Meu primeiro Nick foi Gabriel_Sobrinho - minha conta que eu não sei a senha. Depois criei Gabriel_Mafioso (conta que eu usei pra roubar os outros com a facção). Depois eu criei Gabriell_Lisboa (conta que eu totem do Kaique_Lisboa, um cara super humilde e gente boa que eu conheci, jogava de mais), depois eu mudei o nome da conta pra Gabriell_Galleazo, virei um ladrão de casa de roubo, dominava Las Aventuras, fiz vários amigos e inimigos por lá. Chegou um momento que eu já tinha uma baita grana, então decidi começar do zero novamente. Criei a conta Lucky_Lockwood na esperança de ser uma referência no servidor, ajudar novos jogadores e virar um moderador. Tentei por diversas vezes entrar na SAPD, mas eu não consegui (acredito que pelas multicontas que eu tinha), nisso eu já tava inserido em uma empresa de rol civil e vi vários amigos virando SAPD. Um certo dia eu fui brincar com um cara no bairro de Jefferson, atrás do hp da groove, eu disse que dava alguns FZs pra ele sair da casa e ele aceitou, eu assustei, pq não era fácil achar casas pra comprar, ainda mais casa normal sem ser tipo apartamento, eu peguei e comprei a casa, saí do rol civil, entrei pra uma facção fiz a base lá em casa, um dos líderes da facção era meu vizinho, então deu muito certo a base lá (não lembro o nome da facção), um dos membros que eu considerava pra caralho também era o Romeu_Calegary (acho que é esse o nome). Nisso tudo foram 4 anos (2015 - 2018 Gabrell_Lisboa/Gabriell_Galleazzo/Lucky_Lockwood), 3 contas que eu fiz e joguei muito dia pós dia, sem parar, em 2019 eu já não não estava encontrando muita diversão no servidor, meus amigos mais antigos já não jogavam mais, eu estava sozinho e sem objetivo, não sabia o que fazer, até pensei em começar tudo do zero de novo, mas não valia a pena, o servidor já não era o mesmo. Em 2019 eu resolvi vender minha conta do fz (Lucky_Locwood) com intuito de parar de jogar esse jogo e começar minha vida FP. Na primeira tentativa de venda, um cara me enganou, mandou foto do comprovante de depóstio, mas acredito que o envelope estava vazio, na mesma hora que ele mandou o comprovante eu passei tudo pra ele, mas logo eu consegui recuperar a conta, mas ele já tinha transferido todo o dinheiro pra outra conta. Passou uns dias e eu consegui vender a conta como eu queria. Parei de jogar em 2019, vi que houve algumas mudanças na tentativa de trazer novos jogadores, como por exemplo, as casas dos banidos que foram liberadas, um dia eu vi o fz com 500 players em 2019 ou 2020, não lembro ao certo, mas quando eu entrei no servidor pra como estava, eu vi do jeito que as coisas estavam acontecendo, aquele movimento todo não ia durar muito, pois o processo não estava girando (você não via quase ninguém farmando (caminhoneiro/pescador) via só treta, ou seja, o povo só gastava dinheiro, não trabalhava DP, até porque o povo já não sentia mais emoção como sentia antes, e nessa época o fz ficou baratinho FP, então muita gente comprou FZ). Ou seja, tinha mos um processo onde boa parte dos jogadores estavam com FZ pois o preço caiu FP, a casa dos banidos foram liberadas, e boa parte dos jogadores estavam cheios da grana, então por um tempo a roda girou, a lei da oferta e da procura entrou em jogo. Mas aí é aquela história, o pessoal não farmava mais, o fz voltou ao preço normal e o servidor não entregava mais aquela jogabilidade que você tinha no começo do servidor ou  até mesmo, por tempo depois de 2019 ou 2020. Finalizando, tenho boas memórias do servidor, do jogo, fiz amigos e inimigos, enganei várias pessoas (única coisa que me arrependo, até tentei entrar em contato com os enganados, mas acho queessas pessoas nem se lembram mais desse servidor), e de certa forma eu perdi um baita tempo da minha vida FP me dedicando a esse jogo, que não me trousse nada, cheguei a deixar de beijar uma garota pra ficar em casa jogando kkk. A realidade é que o fenixzone não vai mais voltar ao que era antes, são diversos fatores que explicam isso, por exemplo, jogadores antigos já não tem mais tempo de ficar o dia todo jogando, as casas estão todas ocupadas, a adiministração é inativa (em um servidor de ROLEPLAY, ter um adiministrador online é essencial para garantir que o roleplay seja realizado de forma correta, e eu não estou dizendo que esse roleplay tem que ser aquele que você interpreta tudo, só de você eliminar os molestadores e hackers já é um ganho), a geração de hoje em dia não joga GTA SA igual se jogava antigamente. Cara é triste, mas vai chegar um tempo onde você não vai encontrar quase ninguém no samp pra jogar GTA, igual a gente encontrava uns 5, 10 anos atrás. Nostalgia.
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Mateus Calculista em 09 de Agosto, 2022, 11:20:38 pm
Vsf doente mo textao em samp, ngm vai ler isso não
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Alffy Kaffer em 09 de Agosto, 2022, 11:26:12 pm
http://youtu.be/rsP2TLoSnNs
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Kayque Delacalle em 09 de Agosto, 2022, 11:35:35 pm
vai procurar oq fazer
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Alice Scwhantzy em 09 de Agosto, 2022, 11:41:54 pm
Pra quê isso de novo?
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Phabyo Renewed em 09 de Agosto, 2022, 11:54:06 pm
Dessa vez não irei ler, Alice é com você kkkkk

Boa kkk

(http://imgfz.com/i/YmEFouC.jpeg)
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Joe Frankfurt em 09 de Agosto, 2022, 11:55:58 pm
Comovente amigo. Deixo aqui uma indicação de dois cantares ótimos para você escutar as músicas relembrando toda essa sua história:

(http://imgfz.com/i/YmEFouC.jpeg)
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Neto Silva em 10 de Agosto, 2022, 12:04:13 am
Se for aniversário de alguém, parabéns. Se alguém estiver doente, melhoras.
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Thx Delacalle em 10 de Agosto, 2022, 07:09:40 am
Porra mó textão se fdr
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Lamar Whykwezky em 10 de Agosto, 2022, 10:20:38 am
Concordo na parte em que voce diz "Criei um novo tópico pq o fecharam o antigo"
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Nicolas Gelhardt em 10 de Agosto, 2022, 10:25:28 am
E vão fechar esse também....
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Don Delacalle em 10 de Agosto, 2022, 08:13:10 pm
ah n.. de novo isso, vai se tratar
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Franklyn Tenpenny em 11 de Agosto, 2022, 12:48:43 am
Se for aniversário de alguém, parabéns. Se alguém estiver doente, melhoras.
Eu li tudo, é aniversário, convidando todos nois.
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Isadora Pintonaboca em 11 de Agosto, 2022, 12:53:06 am
Quero saber quem teve coragem de ler isso tudo, kkkkkkkkkkkkkkkkk
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Jerry Schwark em 11 de Agosto, 2022, 04:08:33 am
muito grande
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Fabu Losoo em 11 de Agosto, 2022, 09:47:33 am
teclado dele ta chorando ate hj
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Jack Young em 11 de Agosto, 2022, 07:07:01 pm
(http://imgfz.com/i/vPNpR5b.jpeg)
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Tyreyws Knomani em 19 de Agosto, 2022, 01:01:24 pm
Utopias, eutopias e distopias

Nada do que é social e humano é mais real que as utopias. Na sua vertente eutópica, as utopias constituíram sempre o fundamento simbólico e mítico sem o qual nenhuma forma de organização social se sustenta, justifica ou sobrevive. E criam, tanto na vertente eutópica como na distópica, o vocabulário da revolução e da mudança: sem os amanhãs que cantam (ou choram) teríamos, em vez de História, um presente intemporal e eterno - como o dos faraós ou o de Francis Fukuyama.
Aldous Huxley publicou o seu Brave New World em 1932. George Orwell, que não tinha em grande conta este livro ou o seu autor, publicou 17 anos depois a sua própria distopia, Nineteen Eighty-Four. Entre estas duas datas interpôs-se a Segunda Grande Guerra: não admira que na primeira a técnica básica da opressão do Estado fosse a manipulação genética e que na segunda, depois do descrédito em que o regime nazi lançou o eugenismo, as técnicas principais da opressão sejam a lavagem ao cérebro, a crueldade gratuita e a manipulação da linguagem.
Apesar desta e de outras diferenças, os dois textos foram muitas vezes lidos, nas décadas seguintes, como os dois pólos - um hedonista, outro o oposto disto - duma mesma distopia, a que os sinais dos tempos davam e dão plausibilidade. Esta distopia bipolar é identificável em grande parte com a ideia de modernidade; e hoje a invocação da modernidade, sempre na boca dos políticos e dos capitães da indústria, soa aos nossos ouvidos tanto a ameaça como a promessa.
Do texto de Aldous Huxley, o que entrou na linguagem corrente, traduzido para todas as línguas, foi o sobretudo o título: "admirável mundo novo". A expressão é utilizada em toda a parte mesmo por quem nunca leu a obra: das mesas dos cafés aos blogues, das crónicas dos jornais aos debates nos media. Do texto de Orwell, toda a gente utiliza, própria ou impropriamente, expressões como Big Brother, newspeak (que até teve, em português, honras de tradução: "novilíngua"), ou ainda doublethink. Uma coisa é certa: nenhuma destas expressões se teria conservado até hoje no uso corrente se não tivesse referentes no real quotidiano.
A mesma sorte não teve 1985, de Anthony Burgess, publicado em 1978. Um texto anterior de Burgess, também ele distópico, é de longe mais conhecido, talvez pela versão filmada que dele fez Stanley Kubrik: A Clockwork Orange. 1985 recupera alguns temas e tropos deste texto e apresenta-se como um balanço crítico de Nineteen Eighty-Four. Divide-se em duas partes: um ensaio sobre o texto de Orwell e a construção duma distopia alternativa, imaginada por Burgess 29 anos mais tarde. A frase final da primeira parte do livro é: 1984 is not going to be like that at all. Frase corajosa, vinda dum escritor que admirava e respeitava o objecto da sua crítica. E é com ela que Burgess nos autoriza a fazermos nós também o balanço crítico da sua alternativa, decorridos mais que outros tantos anos desde a sua publicação.
Vejamos então o que sobreviveu melhor ao curso da história: se Nineteen Eighty-Four aos últimos 60 anos, se 1985 aos últimos trinta e um.
As diferenças entre as duas distopias não surpreendem, sabendo que uma foi escrita por um socialista libertário, pouco à vontade no seu estatuto social de nascença que o colocava nas franjas do poder, e a outra escrita por um conservador a quem o facto de pertencer a uma elite social e intelectual não incomoda minimamente. Na primeira, o opressor é um Estado por assim dizer anti-utilitarista, ou seja: inteiramente dedicado à prossecução do maior mal do maior número. Burgess faz notar, na sua crítica a Orwell, que um Estado assim nunca existiu nem pode existir. Mesmo os regimes que mais se aproximam deste modelo são intrinsecamente instáveis: Calígula acabou assassinado, e o Império nazi, que era para durar mil anos, durou doze. Reconhece Burgess, contudo, que Orwell tem bons modelos para a sua terrível invenção: o franquismo contra o qual lutou, o estalinismo que assassinou na Catalunha os seus camaradas anarco-sindicalistas, ou o nazismo, de cujos horrores se começava a tomar conhecimento quando o livro foi escrito. Bastou a Orwell absolutizar e levar ao extremo do concebível estas realidades históricas, et voilà: aí temos o Ingsoc, abreviatura de English Socialism, ou seja: Socialismo Inglês.
Burgess nota, com a indulgência a que as suas próprias contradições o obrigam, a ironia de um socialista chamar socialismo ao regime mais monstruoso que consegue imaginar; mas não precisa de explicar, e não explica, as razões óbvias desta opção. Nós, habitantes do Século XXI, habituados pela propaganda vigente a equacionar "esquerda" com "estatismo", também podemos ver ironia na escolha deste nome. As razões de Burgess para notar esta ironia são, contudo, um pouco diferentes das nossas. Burgess não era um anti-estatista doutrinário, mas sim um conservador na tradição burkeana, a quem a ideologia anarco-capitalista e revolucionária representada por Margaret Thatcher e Ronald Reagan repugnaria tanto como a qualquer militante da esquerda dita radical. Não acredita que o Estado seja a emanação do Mal, mas exige dele essa coisa fora de moda que é a responsabilidade moral. No capítulo "Clockwork oranges" de "1985", declara os seus pressupostos ético-políticos:
A chemical substance injected into [Alex's] blood induces nausea while he is watching the films, but the nausea is also associated with the music. It was not the intention of his State manipulators to introduce this bonus or malus: it is purely an accident that, from now on, he will automatically react to Mozart or Beethoven as he will to rape or murder. The State has succedeed in its primary aim: to deny Alex free moral choice, which, to the State, means choice of evil. But it has added an unforeseen punishment: the gates of heaven are closed to the boy, since music is a figure of celestial bliss. The State has commited a double sin: it has destroyed a human being, since humanity is defined by moral choice; it has also destroyed an angel.
O Estado aqui descrito não é imoral, como o de Orwell, por opção metafísica da oligarquia que o dirige: é, mais realisticamente, um Estado amoral. Há, e houve, Estados imorais, mas nunca houve nenhum que se definisse exclusivamente pela imoralidade. Burgess tem razão neste ponto. Monstros desta natureza relevam mais de ficções como Harry Potter ou Lord of the Rings do que da realidade política que vivemos. O Mal absoluto, diz Burgess, é tão desinteressado como o Bem; e todas as tiranias estáveis estão ao serviço de interesses.
Não é que não nos sintamos tentados, por vezes, a elaborar fantasias deliciosamente assustadoras sobre os "Senhores do Mal"; mesmo nós, portugueses, cá no nosso cantinho, detectamos um eco distante destas fantasias quando ouvimos um político, um economista ou um empresário deixar no ar a ideia de que tudo o que é impopular é necessariamente justo e acertado e tudo o que beneficia o cidadão comum é injusto e desastroso. Levada inteiramente a sério, esta ideia implicaria uma negação total e radical da democracia; mas somos, tal como Burgess, demasiado sensatos para levar muito a sério ou muito à letra tudo o que diz o poder, e é por isso que não confundimos José Sócrates ou Maria de Lurdes Rodrigues com Voldemort.
Ao contrário de Thatcher e de Reagan, Burgess não via no Estado a única, nem necessariamente a principal, fonte de opressão. O Estado que Burgess denuncia não é o pesadelo de Orwell, que para Burgess não passa disso mesmo: dum pesadelo. Nem é o Moloch burocrático da lenda negra anti-socialista. É, acima de tudo, o Estado de Ivan Petrovitch Pavlov e de Burrhus Frederic Skinner:
The Soviet State wished to remake man and, if one knows Russians, one can sympathize. Pavlov deplored the wild-eyed, sloppy, romantic, indisciplined, inefficient, anarchic texture of the Russian soul, at the same time admiring the cool reasonableness of Anglo-Saxons. Lenine deplored it, too, but it still exists. Faced with the sloth of the waiters in Soviet restaurants (sometimes three hours between taking the order and fulfilling it), the manic depression of Soviet taxi-drivers, the sobs and howls of Soviet drunks, one can sometimes believe that without communism this people could not have survived. But one baulks, with a shudder, at the Leninist proposal to rebuild, with Pavlov's assistance, the entire Russian character, thus making the works of Chekhov and Dostyevsky unintelligible to readers of the far future.
B. F. Skinner foi um behaviourista radical, bem conhecido pelos professores como teórico da Educação cujas teses ainda hoje têm influência política no nosso País e noutros. Mas tem outras facetas menos conhecidas: como filósofo político, produziu em 1948 Walden Two, uma eutopia - ou distopia, conforme o ponto de vista - em que as técnicas de psicologia do comportamento conduzem a uma harmonia social perfeita; como filósofo moral, produziu em 1971 Beyond Freedom and Dignity, título este que não pode deixar de dar calafrios a Burgess - e, creio bem, a muitos de nós. Burgess denuncia o Estado Soviético não tanto por pretender privar o homem da sua liberdade económica como por pretender privá-lo, na esteira de Pavlov e Skinner, da sua liberdade moral.
Mas se o Estado não é a única nem a principal fonte potencial de opressão, então não basta a Burgess denunciar o Estado, como em A Clockwork Orange; é preciso enumerar e denunciar as outras forças potencialmente hostis à liberdade (leia-se: liberdade moral) do ser humano:
There are, indeed, forces always ready to diminish State power, though oppressive enough in their own ways. Multinational companies that can make and break governments but don't give a damn about matters of responsibility to thought, art, sentiment, health, morality, tradition. The manipulators, the true investigators into the power of propaganda, meaning doublethink, subliminal suggestion, rendering us unfree in the realm of what we consume. Trade unions. Minority groups of all kinds, from the women's liberationists to the gay sodomites. And where we expect the State, that takes our money, to protect us from the more harmful of the anarchic forces of the community, there we find the State peculiarly powerless.
Se Burgess soa aqui como um cruzamento anti-natural entre um manifestante anti-globalização e um moralista reaccionário, reflictamos que o texto foi escrito antes de, quer o neoliberalismo, quer o movimento politicamente correcto terem adquirido o estatuto de verdades dificilmente questionáveis.
Na segunda parte de 1985, Burgess já não toma como alvo o Estado de Pavlov e Skinner, mas sim uma das forças que enumera nos capítulos anteriores. O vilão principal de Burgess é, nesta narrativa, o movimento sindical. Não o movimento sindical tal como existiu nos países democráticos ao longo dos séculos XIX e XX, mas aquilo em que ele parecia estar a tornar-se no Reino Unido em 1978: um sindicalismo totalitário que se substitui ao Estado e regula despoticamente todos os aspectos da vida em sociedade. Este retrato do movimento sindical era em parte, mesmo naquele tempo e lugar, pura e mal intencionada propaganda; mas propaganda em que Burgess acreditou. Tal como Orwell se tinha alegrado, trinta anos antes, com a vitória avassaladora do partido Trabalhista nas primeiras eleições que se seguiram à Guerra, é possível que Burgess se tenha alegrado com o triunfo de Margaret Thatcher, no ano seguinte ao da publicação de 1985, com base num programa explicitamente anti-sindical. Se assim foi, esta alegria deve ter durado pouco.
Na novela de Burgess, a personagem principal é um professor de História e línguas clássicas, desafecto a um sistema que não lhe permite ensinar nada que possa ser considerado "elitista". Esta dissidência leva-o primeiro à demissão e à escolha de um trabalho manual (pasteleiro) que não lhe suscita problemas deontológicos, depois à clandestinidade e por fim à prisão perpétua.
Em Nineteen Eighty-Four a personagem principal é um burocrata chamado Winston Smith; o professor que protagoniza 1985 chama-se Bev Jones. A escolha dos nomes não é trivial, como assinala explicitamente Burgess a propósito do nome que escolheu para o protagonista de A Clockwork Orange: Alex, diminutivo de Alexander, ou seja, em grego, "salvador de homens". " Smith" e "Jones" são os sobrenomes mais banais do mundo anglo-saxónico. O nome próprio "Winston" produz, associado a "Smith", um efeito dissonante que se repercute em " Bev Jones. O nome próprio dado à personagem pelo pai pode constituir uma homenagem a uma de três figuras históricas: Ernest Bevin, organizador sindical, dirigente do Partido Trabalhista e Ministro do Trabalho a partir de 1940 no governo de coligação de Winston Churchill; Aneurin Bevan, Ministro da Saúde a seguir à vitória trabalhista de 1945, arquitecto do Serviço Nacional de Saúde, e Ministro do Trabalho a partir de 1951, cargo de que se demitiu em protesto contra a introdução de taxas moderadoras destinadas a financiar a participação britânica na Guerra da Coreia; ou William Beveridge, parlamentar do Partido Liberal cujo relatório, apresentado em 1942, veio a servir de base à instituição do Welfare State no Reino Unido.
Bev Jones é, assim, simultaneamente a continuação e o oposto de Winston Smith, facto que se reflecte nas óbvias diferenças e nas surpreendentes semelhanças entre os dois textos.
Ambas as tiranias descritas são pavlovianas ou skinnerianas: Winston Smith e Bev Jones são ambos "reeducados" a dado passo. Em ambas está presente, como de resto em Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, a aversão do intelectual a qualquer poder de facto ou de direito que se dedique à destruição de livros; mas o que imediatamente salta à vista quando lemos os dois textos é o relevo que Orwell e Burgess dão à manipulação da linguagem. Em 1985 proibe-se às escolas que ensinem a norma culta da língua inglesa e impõe-se em vez dela o chamado Worker's English; em Nineteen Eighty-Four o consenso artificial de que a tirania necessita é construído recorrendo ao Newspeak.
Apesar de partirem de princípios ideológico-políticos aparentemente opostos, os dois textos partem de princípios morais muito semelhantes e de concepções muito próximas da liberdade. Para a personagem principal de Orwell, ser livre significa poder acreditar que 2+2=4; para Burgess, ser livre significa ser capaz de escolhas morais.
Hoje, olhando à nossa volta, podemos concluir que o erro e a ingenuidade que Burgess aponta a Orwell podem não ter sido erro nem ingenuidade: o hiperfascismo de Nineteen Eighty-Four pode ser uma figura retórica, uma hipérbole, da qual não se espera que o leitor faça uma interpretação literal, mas tem afloramentos numerosos e óbvios nas sociedades actuais, mesmo nas mais democráticas.
Já o erro de Burgess é mais difícil de levar à conta de retórica. O Alex de A Clockwork Orange reaparece em 1985 sob a forma de um gang juvenil particularmente violento que acolhe e protege Bev Smith em troca de lições de História, Latim e Grego. Faz rir a ideia dum bando de skinheads ou equivalente a interessar-se pela cultura clássica, mas Burgess justifica esta implausibilidade pela irreverência e pela revolta "naturais" na adolescência: se a autoridade proíbe o ensino da História, das línguas clássicas e da língua materna na sua norma culta, então a oposição dos jovens à autoridade levá-los-á a procurar o que lhes é proibido.
Hélas, não foi isto que aconteceu nos últimos trinta anos. É verdade que certas tribos urbanas, como os "góticos" ou os "emos", dão alguns sinais de ter consciência da falta de alguma coisa essencial na herança que nos preparamos para lhes deixar; mas não sabem que coisa é essa, e muito menos lhes passa pela cabeça que possa ter alguma coisa a ver com o ensino da História ou do Latim.
Mais grave ainda: o populismo anti-elitista e anti-intelectual que Burgess temia acima de tudo veio-nos, não pela mão dos sindicatos, mas pela mão daqueles de quem ele esperava protecção. O apelo à rebeldia, ao individualismo, à mudança rápida, à ruptura com o passado, vem-nos hoje, como mostra Thomas Frank em One Market under God, já não da contra-cultura dos anos sessenta, mas sim da publicidade com que as grandes empresas inundam os media. Os bilionários já não são uma elite gananciosa e exploradora: usam jeans, comem hamburgers e são vítimas, como qualquer pessoa vulgar, da perseguição que lhes move uma casta privilegiada, snob, elitista, intelectual e académica que tem a veleidade de "saber mais que os mercados" e não aceita submeter-se a eles com a mesma confiança simples e cega com que um bom muçulmano se submete a Allah.
E assim se restaura a luta de classes: do lado dos oprimidos vemos Bill Gates, de braço dado com o nosso vizinho do lado: se não os une a condição económica, une-os a condição de "homens simples" a fé comum num catecismo (orwelliano que baste) que afirma, entre outras coisas, que a verdadeira prosperidade está em trabalhar cada vez mais por cada vez menos dinheiro e que a verdadeira igualdade é a desigualdade extrema. Do lado dos opressores estão todos os que se atrevem a pôr em dúvida estas verdades sagradas; e em representação destes "privilegiados" surgem, em primeiro plano, os professores e os académicos.

Nota: Durante os longos dias que demorei a escrever este texto, não deixei de acompanhar os textos a todos os títulos notáveis que o Ramiro Marques tem estado a publicar no ProfEducação, nomeadamente a série "Há um plano para imbecilizar as novas gerações" Não é paranóia: há mesmo esse plano. Espero que a leitura ou releitura dos livros que aqui comento ajude a clarificar as estratégias de marketing político que o apoiam.
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Enviado por: Camila Stewartz em 19 de Agosto, 2022, 01:34:15 pm
Mds
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Lannah Havilliard em 19 de Agosto, 2022, 03:34:54 pm
https://youtu.be/C30p4rX0LIY
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Gabriel Lockwood em 04 de Setembro, 2022, 10:33:49 am
 :o
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Jhay Whertz em 04 de Setembro, 2022, 09:26:53 pm
E pow vou ler isso não
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Enviado por: Paloma Ferraz em 04 de Setembro, 2022, 09:28:42 pm
gente alguem resume pra mim pf
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Enviado por: Donald Love em 04 de Setembro, 2022, 09:50:56 pm
Muito bom, espero o próximo episodio
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Enviado por: Thxrell Khalyxzarkay em 05 de Setembro, 2022, 03:27:26 am
boa man eh isso ai memo
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Enviado por: El Jaden em 05 de Setembro, 2022, 09:44:56 am
Manda áudio
Título: Re:Início / Meio / Fim - Repost
Enviado por: Matthew Drummond em 06 de Setembro, 2022, 06:22:06 pm
Concordo com essas sábias palavras.  :-X