[Mathews Cezatte]

Não existe honra que sacrifique um momento de felicidade. Todos vivemos pelo nosso legado. Todos temos nossos objetivos, a única honra que existe é a nossa - e só nossa - satisfação por tê-los cumprido. • Katsuji Yamazaki

Céu límpido, mar azul.. estava assim no dia que aconteceu. Mais um herói dentre os vários que protegeram a honra do Japão, estava ali, Takuda Yamazaki, um exemplo de soldado. Sentado num banco e olhando a imensidão do mar, pensava, como nos outros conflitos, na trajetória da sua vida. O que aquilo significava pra ele? Será que valia a pena estar ali? Será que sua esposa e dois filhos o receberiam mais uma vez em casa? Ele não sabia, só tinha certeza de que naquele navio tinha uma obrigação a cumprir: proteger a vida de seus companheiros e a honra de sua nação.

Takuda era um soldado do alto escalão Japonês e um exemplo pras crianças do bairro onde morava. Não só guerreava como participava de reuniões que decidiam sobre a estratégia de sua equipe e buscava planos que valorizavam a vida dos seus companheiros.

Balas são feitas de ferro. Deus nos deu ferro. Armas são feitas de aço. Deus nos deu inteligência. O Japão é feito de honra, e Deus nos deu honra. A vida é feita como uma vela: Deus nos deu a chama e a esperança de preserva-la até que o pavio queime por completo. • Takuda Yamazaki

Estava em direção á Ilha de Pearl Harbor nos Estados Unidos quando aconteceu. Á sua direita, seu companheiro fiel, Kagero. Nas suas costas seu melhor amigo, um rifle Japonês de modelo Arisaka - já enferrujado e sujo pelo calor da batalha.  Takuda era um homem de poucas palavras, mas era evidente que naquele momento estava feliz enquanto segurava a foto da sua esposa Hiruna - que estava grávida do seu segundo filho, o pequeno Katsuhimo. Kagero estava feliz por ele.

O navio começou a tremer e a foto de Hiruna caiu no chão.

O alarme do navio soava e o vermelho das luzes de segurança já preenchiam a roupa de todos os soldados que estavam na plataforma junto á Takuda. Kagero agarrou seu braço e os dois corriam em direção á fumaça, que parecia cada vez mais escura. O navio foi bombardeado por um avião Amerika Bomber, branco, produzido naquele mesmo mês. Por uma falha no radar, não foi percebido. Destino? Ironia? Talvez, Takuda não tinha tempo pra pensar. Não respirava. Não enxergava. A única coisa que via era a imagem da foto da sua esposa Hiruna, que estava grávida. Sabia que tinha herdeiros e que tinha feito sua parte para proteger o Japão e o futuro das suas crias naquele dia. Estava feliz. Acima de tudo, estava feliz.

Fechou os olhos.

o x - x o

Abriu os olhos.

Olhou para o lado, e ali estava o seu despertador Chinês soando o mesmo barulho irritante de todas as manhãs. Se assustou por meio segundo com o brilho da televisão. No outro meio segundo pensou: - De novo esse sonho, Takuda? O que quer me dizer com isso? - Quando seu gato preto Cerberus pulou sobre seu rosto.
Já não importava, nada mais importava, agora só pensava em mais um dia de sobrevivência em San Andreas. Katsuji  Yamazaki começava sua ascensão.

Mas antes de começar a sua ascensão, sabia que tinha que cumprir com algumas obrigações.. e a primeira delas era escovar os dentes, claro.

Levantou, calçou suas sandálias pretas e se dirigiu ao banheiro. Cérberus, como de costume, o acompanhava. Olhou ao espelho-armário e por um instante achou que estava mais magro - Talvez estivesse certo, pois havia acabado de chegar de sua viagem clandestina do Japão.
Seus olhos pretos projetavam a escuridão do porão do barco, imundo, no qual viveu alguns dias antes de chegar ali. Comeu pouco, mas não houveram muitas mudanças em seu corpo de típico oriental-magrelo-devorador-de-arroz.
Em seu rosto havia uma expressão determinada. Sentia-se satisfeito por ter chegado vivo até ali, mas sabia que a viagem foi só uma introdução do que estaria prestes a viver. Seus cabelos pretos derretiam sobre seus ombros - que foram machucados pelas cordas do barco. Enquanto pegava a escova de dentes percebia um novo corte da palma da mão. Como não havia percebido aquilo antes? Ele não sabia, também não deu muita importância.

A medida que as gotas de água saiam do chuveiro, da sua mente se esvaíam as lembranças da sua infância no Japão. Katsuji era uma pessoa muito social quando pequeno. Estava acostumado a brincar no parque com seus colegas e frequentava a escola normalmente como qualquer outro garoto da região de Kanto. Estava sempre rodeado de amigos e seus pais já haviam adquirido o nobre costume de recebê-los em sua casa. Inteligente, Katsuji se empenhava seriamente em ajudar seus amigos na escola. Bem falado e invejado, mas já havia se acostumado com isso.

Sua personalidade havia mudado quando havia chegado a adolescência e os motivos estavam claros. Não entendia o porquê das coisas e o sistema rígido de educação japonês não o educava da maneira que havia querer de ser educado. Sua mente era aberta a muitas coisas pra se limitar a números e fórmulas. Ele queria mais. Sabia que podia mais, e sabia o que tinha que sacrificar pra atingir seus objetivos. Era inteligente demais pra ser mais um boneco do governo como acreditava que seu avô, Takuda, havia sido.

- Continua, vou colocar imagens também.